Ler Todos os Mangás do Mundo

cronicasQuase esqueci de escrever sobre esse, inclusive tinha até deixado de registrar a leitura no my anime list. Li na casa do Pedro, meu namorado, que possui os dois volumes físicos do título, em duas dessas tardes que passei lá à toa. Sempre tive a curiosidade de explorar o sci-fi de Jiro Taniguchi, mesmo que escasso em sua bibliografia, grande parte pelo detalhamento dos cenários presente nessas obras. É realmente de cair o queixo, acredito ser o ponto mais positivo do título.

Quanto à história, eu já acho que deixou um pouco a desejar, principalmente quando se inicia o segundo volume. Tenho a impressão de que houve cancelamento da publicação, pois o fim chega a ser bastante repentino, além de diversos pontos-chave da trama parecerem que seriam mais elaborados com o passar do tempo, como a raça de gigantes alienígenas de olhos azuis.

O início é cheio de elementos de sobrevivência pós-apocalípticas e explicações sobre tecnologias avançadas, uma das partes que mais adoro no gênero (alô Death Stranding). Mas quando isso começa realmente a engatar e fazer algum sentido, lá pelo final do primeiro volume, quando o grupo principal consegue deixar a estação de extração de minérios na Antártida, tudo é deixado de lado, já que a era do gelo simplesmente inicia seu fim. Eu fiquei bem chateado em descobrir que, apesar do título “Crônicas da Era do Gelo”, o mangá passa grande parte já fora de uma era do gelo.

Tenho uma certa preguiça quando a temática de uma trama se constrói a partir do conflito entre homem e máquina. Porém, gostei de como esse conflito foi gerado. Numa era do gelo, a humanidade se tornou totalmente dependente (em quesito de sobrevivência) de um supercomputador. Com o aumento repentino e imprevisível das temperaturas e consequente fim dessa era, os circuitos desse supercomputador acabaram sendo danificados. A relação máquina-homem vai de uma completa dependência para o desejo de total aniquilação. Não somente aniquilação, mas também substituição, o supercomputador acaba criando uma super-raça, nomeada de A.D.O.L.F., uma alegoria muito bem colocada ao nazismo e a segunda guerra.

Vale a pena ler por ser uma leitura rápida e de encher os olhos. Acredito que os cenários contam uma história muito mais interessante do que a própria trama em si, ver a ira da natureza tomando conta das cidades cobertas de gelo foi bastante interessante.

Início: Nov/22 Término: Dez/22

nonnonbaEscreverei sobre esse título com muito carinho, pois foi o primeiro presente de dia dos namorados que recebi do meu relacionamento atual.

Acho que já falei que mangá muito antigo não faz meu estilo, pensando nos que seguem uma linha parecida com as obras do Tezuka. Nonnonba parece entrar no rol desses títulos, pela construção episódica da história, traços simples e personagens planos, porém conseguia me entreter mais a cada página que eu avançava no livro.

Há um tom de misticismo que se mescla com as histórias de infância do próprio autor, infância que se passa no período entre guerras. Tal misticismo é sempre enunciado ou elucidado pela “Nonnonba”, termo usado para designar idosas em uma certa vila do Japão. É esse tom que justamente me faz pensar nas diferenças com as histórias do Tezuka, dando à trama um grau de maturidade que Tezuka tenta empurrar e não consegue.

Também é muito positivo como o autor consegue trazer a temática do conflito de gerações sem tornar tudo uma “farofa moderada” no final. Por mais que o protagonista se envolva com os mitos e lendas folclóricas, ele entende que a solução não é a união do velho com o novo, nem a manutenção de ambos. As antigas tradições estão fadadas a acabar. Nonnonba, que retém o conhecimento sobre elas, vai morrer algum dia, e todo o misticismo vai embora junto. A resposta para o problema acaba sendo, por fim, o registro da memória, maior função desse título, escrito pelo Mizuki quase no final de sua vida.

Início: 20/07/2022 Término: 24/07/22

monsterPercebi um erro que cometi fazendo a lista do desafio nesse site, não estava colocando datas. Me peguei pensando há quanto tempo já estou fazendo isso, e não tenho ideia. Então, a partir desta nota, passarei a colocar dia de início de leitura e dia de término. Fiquei um pouco chateado, seria legal ver a evolução da leitura. Pensei em olhar no MAL, mas aparentemente o histórico de atualizações por lá não fica salvo para sempre, somente por coisa de quinzena (é ridículo, deveria ser maior).

Esse título marca a minha vigésima nota ao desafio. Estou orgulhoso de mim mesmo, por conseguir manter uma frequência razoável tanto de leitura quanto de escrita. Monster eu demorei um pouco mais que eu planejava para acabar (uns 2/3 meses a mais, rs), mas é porque o semestre na faculdade está bem puxado. Só consegui acabar por conta do feriado, antes dele estava tendo prova praticamente todo sábado.

Resolvi escolher um mangá especial para a nota #20, e foi Monster. Já queria realizar a releitura há tempos, pois já tinha esquecido toda a história. Aproveitei que me reuni novamente com minhas edições físicas de luxo, meus xodós da coleção, e fui em frente.

Lembrava de alguns dos momentos mais impactantes e da conclusão de tudo, mas muitos personagens acabaram caindo no limbo da minha memória: Grimmer, Sûk, Karl, por exemplo. Eu não me culpo tanto, a quantidade de personagens interessantes que o Urasawa cria é enorme (talvez seja por isso que ele seja um dos meus autores favoritos). É incrível como ele consegue, mesmo com personagens que tenham aparecido em poucas páginas, torná-los extremamente humanos e relevantes para a trama num geral.

Guardo um carinho especial pelo título por ter terminado a leitura em uma viagem para o Rio de Janeiro, em 2016. Estava indo visitar o Guilherme, e era uma época que ele me chamou para distrair, pois estava numa época bem difícil, que eu mal saia do quarto ou levantava da cama. Já havia começado a ler antes de ir, e tinha baixado os capítulos para ler no caminho, em cerca de 6/7 horas de viagem. Normalmente, fico cansado quando termino um ou dois volumes, é minha cota de leitura por sentada, inclusive em viagens. Naquele dia, li 7 volumes. A história me envolveu de um jeito que não conseguia parar de ler. Me forcei a dormir, mas era impossível. Aquela obra tinha toda a humanidade que eu sentia não ter, que eu procurava ao realizar aquela viagem.

Outra memória afetiva muito grande envolvendo o mangá foi a exposição do Urasawa que fui, na Japan House. Foi uma das últimas vezes que encontrei Davi, Daniel e Nazário antes da pandemia. Ver os originais foi algo surreal. Ver o meu painel favorito entre todos os incontáveis quadros por quais já passei na minha vida como leitor de quadrinhos foi uma experiência emocionante. No caso, estou falando do momento derradeiro em que Tenma está ajoelhado e apontando uma arma para testa de Johan, enquanto Johan aponta o dedo para a própria testa, com a paisagem do “fim do mundo” ao fundo. Tenho até uma foto com o Daniel reproduzindo a cena, que tirei naquele dia.

E Monster tem muitos momentos memoráveis além desse. Muitos. Consigo listar, de cabeça, os gêmeos se reencontrando na pousada Três Sapos após o evento na Casa das Rosas; Inspetor Lunde admitindo que errou para Tenma debaixo da chuva; Nina revelando o mistério inteiro da trama para Johan; Eva esperando Martin na estação de trem, que nunca chegará; a morte de Grimmer. Eu não conheço outro autor que consiga gerar tantas cenas de alto impacto em um mesmo título como Urasawa faz.

Monster e One Piece são os mangás que carrego com mais carinho.

Término: 18/06/22

goodbye eriMeu terceiro contato com trabalhos do Fujimoto, o primeiro em Chainsawman (que, inclusive, foi adicionado na categoria “ler um mangá de um autor que você não conhece, vide nota #6), o segundo em Look Back, one-shot que me surpreendeu muito, e, por algum motivo, não adicionei aqui no desafio.

Goodbye, Eri é um one-shot com 202 páginas, e, devido ao tamanho, espero MUITO que consiga uma publicação em tankobon e que venha para o Brasil. Quero muito ter em minha coleção, pra revisitar sempre que possível.

Esse, junto com Look Back, utilizam de uma metalinguagem que vi funcionar poucas vezes em mangá (de cabeça, Fraction, de Shintaro Kago, e male-male Opus, de Satoshi Kon). Todo o enquadramento é completamente cinematográfico, e isso vai se misturando à narrativa de forma orgânica, e é por meio desses quadros que, em certo momento, se entende que as 202 páginas são, na realidade, uma grande gravação. Me lembra algo parecido com o que Alan Moore faz com a inovadora repetição de quadros em Watchmen.

Quanto a narrativa, prefiro me abster. Justamente porque vou esquecer sobre, e, daqui uns anos, quero reler como se fosse a primeira vez e ter a mesma surpresa que tive. Único comentário: trata muito bem da morte, não somente sobre o luto, como se vê em diversos mangás, principalmente em shounen, mas também com o inevitável, com a aceitação (ou o oposto) e suas consequências.

Estou gostando muito do caminho que o autor está traçando pós-Chansawman, totalmente experimental. Muito ansioso pra saber pra onde vai a parte 2 de Csm. Aos poucos, está se tornando um dos meus autores favoritos. Pretendo, muito em breve, trazer os outros títulos de Fujimoto por aqui. Todos.

yamatoEu gostaria MUITO de entender os motivos da New Pop ter publicado esse título no Brasil E em edição de luxo. Não me desagradou, coisas no espaço sempre me atraem, o mínimo que seja. Mas me pergunto o porquê da publicação, primeiro, porque o mangá é incompleto. Ele simplesmente ACABA no meio de um arco.

Segundo, o mangá é adaptado diretamente do anime, o que explica algumas páginas em baixíssima qualidade, pois são prints diretas da animação. Acredito que o mangá tenha sido produzido devido a popularidade do anime, porém não acompanhou o entusiasmo e o lucro da mídia original.

Terceiro, o nicho de quem gosta de Yamato no Brasil é bastante pequeno, somente os velhos da geração do Levi Trindade, que faz um texto super emocionado da publicação de Yamato no país.

Por fim, é um mangá que nem quem gosta do Leijiverso curte. Muito pelo contrário, alguns fazem questão de tentar apagá-lo da história dos quadrinhos. Não existe nem scan na internet, e, quando digo “scan”, digo que nem as primárias, no idioma original.

Ah, e achei que se encaixou demais nessa categoria. Mesmo que não aparecesse o Yamato em si na capa, colocaria nela. Porque é ele o personagem principal, apesar de tudo. Assistirei ao anime, é o que me resta.

devilmanMais uma releitura pro desafio! Da primeira vez, li por scan, agora leio a edição de luxo física, publicada pela New Pop. Demorei pra ler porque o volume 2 ficou fora de estoque, mas já tenho o primeiro há um tempo. Uma das desvantagens do MAL é que não consigo saber em que data joguei a entrada da leitura, então não tenho a menor ideia de quando li pela primeira vez.

O que eu lembro é que tinha gostado bastante, do começo ao fim. Comecei a estranhar, porque eu não estava curtindo uma meiuca ali do título, que eu não tinha memória nenhuma. Como eu sou o rei do esquecimento, acabei deixando pra lá. Continuei por alguns capítulos, mas o negócio começou a ficar impalatável.

Foi aí que, depois de uma pesquisa sobre a edição que li (não tão breve, já que Devilman é desses títulos com milhares de formatos de publicação e, para encontrar o formato exato da edição brasileira, tive que averiguar a fundo), descobri que Go Nagai resolve adicionar alguns capítulos extras na história principal, alguns de Shin Devilman, que envolvem viagens no tempo fora de contexto, e alguns de outros spin-offs.

Ok, eu entendo que Devilman em publicação original é direto demais. Começa com o arco de origem do Devilman, o arco da Sirena (pra mim, um dos pontos altos do título), um ou dois demônios inimigos e já o arco final, da revelação de Lúcifer (do caralho!). Há pouco tempo de desenvolvimento dos personagens, principalmente do Ryou. Mas porra, adicionar o que foi adicionado é cruel. Foi totalmente degradante, não tenho outra palavra pra descrever o que li. É um revisionismo que não valorizou em nada a obra.

vinland saga 18Esse é o primeiro tópico que termino que tinha pego um mangá que estava no meu on-hold do My Anime List no desafio (foram poucos, acredito que foi esse, Slam Dunk, Gash Bell e Haikyuu). E estou pra escrever sobre há muito tempo, visto que acabei de ler por volta do final do ano passado (estamos em março). Acho que só enrolando, nenhum motivo em especial.

O pouco que sempre pesquisei sobre Vinland Saga antes de ler me levava a crer que era um mangá sobre guerra e vikings, com cenas violentas, nível Berserk, cujo traço é bastante semelhante. Mas é exatamente o oposto: é um mangá pacifista. Há um primeiro arco, em que o tema central é vingança (que falta sinto de Askeladd!), mas, a partir da impossibilidade de Thorfinn conseguir essa vingança, o mangá muda totalmente de cenário. E daí tem toda uma construção do desejo de não guerrear e de paz. Em um momento, achei o pensamento anacrônico, inserir isso no contexto da cultura nórdica. Mas a forma como é feita é muito boa, e acaba que o único lugar possível para a paz é Vinland, a América. O arco atual já está mostrando o estabelecimento dos vikings, a interação deles com os nativos e o amadurecimento final das personagens. As histórias estão bem soltas, e acredito que não haverá mais tantos conflitos mesmo, já que o título já está em vias de acabar.

Ansioso para o reencontro de Thorfinn e Canute. Espero algo grandioso, mas duvido que será.

EDIT: relendo isso dias depois, percebi que escrevi com muito sono. quando o mangá terminar, vou escrever uma atualização sobre.

sunny 3Pulando a # 15, pois ainda estou me preparando para escrever Vinland Saga, que, se não me engano, prometi terminar em alguma nota anterior.

Eu estava com altas expectativas, porque rapidamente Tekkon Kinkreet se tornou um dos meus mangás favoritos e li pela primeira vez para o desafio. Talvez, essas expectativas me deixaram esperando algo que não faz juz à obra. Isso, aliado a meu pouco interesse em drama, slice of life e comming of age tornaram esta leitura um porre. Tive que me forçar a ler os últimos 4 capítulos, não estava aguentando mais.

Mas tem seus méritos. Como cada capítulo tem sua história fechada, alguns acabam se destacando. Um em específico, sobre a saída de Kiiko do Jardim Hoshinoko (lar das crianças que foram abandonadas pelos pais em uma cidade rural) me pegou de jeito, não consegui segurar o choro. Kiiko foi chamada para morar com os pais novamente, já que se reconciliaram. Megumu, sua melhor amiga no lar, sempre foi uma personagem diferente das demais, era a única que amava estar ali e de conviver com as outras crianças (apesar de sentir falta dos pais, que morreram em um acidente). Nesse capítulo, Megumu sofre com a futura saída de Kiiko, mas entende que seria o melhor pra ela, e acaba discursando durante a festa de despedida da melhor amiga, apesar de relutante. E todos caem em lágrimas. Kiiko acaba voltando pro orfanato no mesmo capítulo, pois o mundo é cruel.

E tem isso também, muito do mangá é triste por ser triste e só. É pura crueldade. Isso acabou me incomodando um pouco, e nada disso é muito bem tratado ao decorrer dos capítulos. Os personagens muitas vezes esquecem o que passaram, não evoluem muito bem com os traumas e decepções.

Fazia tempo que eu não chorava, e eu acho que foi porque amadureci nesses últimos anos. Amadurecer talvez não seja o termo certo, mas acabei aprendendo e blindando emoções que percebi que não deveria botar sempre pra fora. E eu não sei se isso é ruim ou não, mas foi a forma que encontrei de proteger os outros ao meu redor e não afastá-los.

PS. Acabei me empolgando e falando mais sobre mim do que sobre o mangá. Coloquei nessa categoria porque, de certa forma, as crianças (menores e maiores) acabam criando vínculos entre si e os cuidadores, formando algo parecido com uma família, para tentar suprir o buraco do abandono e da solidão. Os capítulos que tratam disso acabam sendo os melhores. O título é por conta de um modelo de carro em que as crianças vão para brincar ou quando estão tristes. Depois eu descobri que a obra foi patrocinada pela Nissan.

jjba part 2Essa semana voltei de BH para Santos, trazendo comigo o primeiro volume da segunda parte de Jojo. Os outros três, que completam o título, comprei durante a pandemia, acabou que ficaram longe dos primeiros. Agora, como todos estavam em Santos, resolvi ler. Já tinha visto o anime (claro), mas nunca lido o mangá.

Confesso que lembrava bastante de tudo, só alguns pontos e detalhes tinham se perdido na minha memória, coisa rara. Apesar disso, tive a mesma voracidade pra consumir tudo como se eu estivesse vendo pela primeira vez (acabei em dois dias e meio). Eu entraria na discussão dos motivos desse mangá ser um clássico, mas acho que não tenho propriedade nem arcabouço pra dizer coisa desse tipo. Mas, numa conversa de bar (ou seja, cabe no intuito dessas notas que faço), eu diria, “é um clássico!”, justamente por, independente da quantidade de vezes que leio ou releio, Jojo sempre me ganha por nocaute.

Agora, sobre o desafio “ler todos os mangás do mundo”, em geral, eu acabo lendo o que dá na telha e depois acrescento na lista em alguma categoria que eu considere razoável. O que não me parece tanto um desafio, vira apenas uma organização de leitura. Talvez por ter tantas categorias, espero que, conforme vou fechando o cerco, a coisa fique mais interessante. Eu deveria ter limitado o número de opções, me guiando pelas categorias maiores. (Apesar de comentar isso, gosto muito de fazer, até me incentiva, mas na próxima farei como acabei de dizer).

Esse breve comentário, na realidade, foi para me justificar o porque de encaixar a parte 2 nessa categoria. No último volume da edição brasileira, o quarto, há um texto epílogo do próprio Araki. Não sei onde originalmente ele está, depois irei caçar mais a fundo. Mas, pelo o que parece, é um comentário de revisita, anos após a finalização da parte. Nele, Araki cita como as partes 1 e 2 foram influenciadas pelos anos 80, assim como as posteriores, principalmente estas regadas a “efervescência que Prince trouxe”. Depois desse texto, só consigo pensar que JJBA inteiro é uma reverberação dos 80, sempre esteve ali na minha frente.

PS.: Nesse texto também há um ponto interessante que o Araki tece: a vontade que ele possuía de mostrar até onde o humano poderia ir nas duas primeiras partes, mas, nas seguintes, queria “passar do corpo superior à mente superior”. Pensar nessa frase comparando com os atuais é um bom exercício. Onde Araki chegou, hoje em dia, após passar pela mente superior?

nanamiEu não sei por que demorei tanto pra escrever essa nota. Tava me enganando, pra falar a verdade. Primeiro, disse pra mim mesmo que ia ver o anime. Mas não tô muito a fim de assistir qualquer coisa, de tempos em tempos tenho disso. Principalmente em épocas que eu prefiro me entreter com games, acho que fico muito mais frenético e ansioso, pra ficar sentado com a bunda no sofá é um parto. Depois, falei que ia esperar meu amigo Leonel terminar de ler e ver o que ele achava sobre o mangá. Ele terminou, conversamos sobre (algumas vezes, inclusive) e eu continuei sem escrever nada. Agora, depois de ter escrito a nota sobre Megalobox, me deu vontade.

Eu acho que é o mangá que li pro desafio que mais me deixou em cima do muro. Tenho muitas considerações positivas e, ao mesmo tempo, muitas negativas. Vou começar pelas negativas, sempre parece ser mais fácil falar mal das coisas.

Em muitos momentos (muitos), me senti perdido. Conversando com o Nazário, ele acha a mesma coisa. Perdido em questão de, em primeiro lugar, plot, e em segundo, localização. Alguns momentos eu não tenho ideia do panorama geral, não tenho ideia do que tá acontecendo. Tem uma luta que eu parei e pensei: “por que essa luta tá rolando?”. As motivações dos personagens são sempre bastante enevoadas, e a ação chega de sopetão. Fica meio confuso, não consigo explicar bem. Agora, quanto a questão de localização, pega mais no arco de Shibuya. Os personagens se separam em vários grupos, só que fica bastante confuso o porquê dessa divisão e onde está cada grupo no distrito. Algo que Hunter x Hunter faz muito bem no arco da invasão do palácio das quimeras, tudo se divide, cada um tem uma função, porém a coesão entre tudo não se perde. Sinto que Jujutsu tenta pegar alguma coisa dali e falha um pouco.

Falando em HxH e outra coisa que o mangá tenta descaradamente pegar. O tanto de regra que os poderes precisam ter. Isso é bem massa. Porém, o autor se perde nas próprias regras do jogo que tenta criar. Primeiro, ele cria uma descrição completa, aos poucos, essa descrição vai sempre sendo deixada de lado por questões de plot. Ele vai deteriorando (acho que essa palavra é perfeita pra descrever) o próprio jogo que criou.

E agora a deixa pra falar bem: apesar de tudo, os poderes são bem legais. Se esquecer a lógica por trás e toda a explicação de energia negativa e expansão de domínio, tudo fica mais interessante. E são os poderes que deixam as lutas boas pra caralho. Fora a arte do mangá, que também impressiona.

O que mais me pegou foram as lutas. Puta merda. Acho que consigo contar, no máximo, umas três que não são tão boas assim. Todas bem estruturadas, bom uso dos quadros, do cenário, os estratagemas. E agora (enquanto escrevo isso), botando na balança e considerando ser um BATTLE SHOUNEN, acho que esse ponto positivo pesa muito mais que qualquer outro. E é isso que eu procurava quando li, e encontrei, porradaria das boas.