Salários e histórias

Chegando atrasado com a polêmica dos salários... Vou contar minha história em dólares, só pra fugir da inflação e mostrar as moedas. Mas vou fugir da minha situação atual.

Eu comecei a trabalhar com 13 anos de idade, como office-boy, e para aprender a programar, em troca das mensalidades do curso técnico em processamento de dados. Minha mãe, empregada doméstica analfabeta, negociou tudo com o patrão dela, dono de uma empresa de engenharia civil.

Claro que isso não deu certo, e em alguns meses eu estava desempregado. Devorei livros do jeito que pude, programei todo tempo livre que pude, inclusive escrevendo programas em papel para digitar depois. Meu primeiro contato com inglês foi nos manuais da linguagem basic de um clone de Apple II.

Com as mensalidades do curso em atraso, arrumei rapidão um estágio numa pequena empresa familiar em que fiquei aproximadamente 12 anos.

Primeiro salário como digitador, US$60 ( ~7.000 cruzados). Já estava programando em dBaseII e passei a Operador de Computador (programando em C , Clipper e Pascal), nessa época com US$230 (~1.000.000 de cruzeiros).

De 1997 a 2006, vários cargos (mas sempre programando, agora já em Python), vários salários em reais entre 1K e 2K, mas sempre estáveis em torno de US$900. Em 2010 Passa um pouco de US$1.000 (R$2.000).

Após um longo período de desemprego e atividades como freelancer e consultor (são coisas diferentes), tive um forte episódio de transtorno bipolar.

Buscando emprego na cidade de São Paulo como programador, a oportunidade me foi dada (valeu Castellani e Vindi!). A partir de então, o salário em reais deu uma escalada mas, sinal dos tempos, caiu, se convertido em dólar.

Tenho duas carteiras de trabalho. Tive que tirar a segunda após dez anos da primeira, pois não tinha mais espaço para as anotações de alteração salarial. Foram 50 anotações, principalmente por conta do processo inflacionário e planos econômicos...

Paulo Henrique Rodrigues Pinheiro – https://bolha.us/@paulohrpinheiro