Reencontro
Mais uma melancólica sexta-feira começa.
Os sempre cheios e atrasados ônibus impedem o otimismo. Na estação, correria para pegar outro ônibus, que está saindo. Ninguém se olha, ninguém dá passagem, ninguém se importa. Há um choque entre quem sai e quem entra como no encontro de dois corpos de infantaria numa batalha campal.
Uma doce e tímida voz chama meu nome. À terrível pergunta “Lembra de mim?” segue-se uma eternidade para minha óbvia e sem graça resposta “Claro!”.
Padronizados seres entram em uma padronizada conversa. “O que você anda aprontando? Trabalhando como sempre. Eu também... Meu ônibus! Tchau. tchau.”
Após a despedida, é claro, lembro de quem se trata.
Fico alegre apesar dela já ter ido embora, afinal de contas, se reencontrei, é porque já vivi.
Causo real acontecido verdadeiramente de verdade em Curitiba, no terminal Campina do Siqueira, 7 da manhã, por volta de 2005.