#12 – RE-READ A MANGA – HOSHI NO SAMIDARE (65/65)
Na nota #9, mencionei que estava lendo Hoshi no Samidare de novo, já há uns dois ou três meses. Agora, escrevo a nota #12 com uns dois meses a mais de diferença. Ou seja, demorei quase cinco meses pra terminar a leitura. Empaquei totalmente nos volumes 4 e 5 (num total de 10). A culpa maior é minha: como já mencionei antes em outras notas, tem épocas que não tenho tanta vontade de ler mangá.
Me coloquei num questionamento que eu não esperava. Hoshi no Samidare sempre esteve entre meus mangás favoritos, desde a primeira vez que li. Depois de 6 anos, precisei pensar se ele realmente estava nesse hall. Não tinha ânimo nenhum para lê-lo. Nenhum. Questionamentos como “será que eu mudei tanto assim?” ou “não é possível que eu tenha achado isso tão bom assim” começaram a surgir.
Acho que até o volume 5, não vi muita coisa de interessante ali mesmo. O ritmo é lento (e, agora que terminei, entendo o porquê de ser lento) e, apesar de ter um humor realmente divertido, não consegue se sustentar pra valer a pena. O que mais me interessou foi a questão da motivação dos protagonistas, que foge do padrão da maioria dos shonen de lutinha: apesar de haver o vilão que deseja a destruição total, Amamiya e Samidare não querem parar o Biscuit Hammer para salvar a Terra, mas para que eles mesmos consigam destruí-la. Acaba que formam-se três forças distintas nesse jogo: Animus, que quer ativar o martelo gigante, a Ordem dos Cavaleiros das Feras, que querem impedir Animus, e, por fim, Samidare e seu leal servo Amamiya, que querem, também, destruir o planeta. Porém, apesar desse jogo tornar tudo mais interessante, não acho que seja o suficiente pra entrar nos meus favoritos.
Dai veio o sexto volume. E puta merda, como eu me enganei feio dessa vez. Uma coisa que eu esqueci completamente, gosto desse mangá justamente pelos atos finais. Uma coisa boa não necessariamente precisa me agradar do começo ao fim. São 10 volumes, é muito difícil manter um ritmo alucinante (e interessante) por tanto tempo. Eu fui ingênuo, isso sim. Do sexto pra frente, li tudo em questão de 3 dias.
As coisas se tornam muito mais interessantes. Agora, o foco maior são os Cavaleiros das Feras (que, até ali, eram quase um segundo ou terceiro plano) e como eles encaram a luta. Individualmente, cada cavaleiro vai imergindo cada vez mais no grupo, expondo suas fraquezas, encarando seus medos e afins. Até que chega um ponto que peças antes soltas tornam-se um componente vital para a sobrevivência conjunta do grupo. Além de tudo isso, há, em paralelo, a continuidade dos planos de Samidare e Amamiya, e cada cavaleiro que se envolve com ambos acaba por tornar tais planos cada vez mais difíceis, até que chega a um ponto em que são impossíveis de serem concretizados. Toda trama cruzada dessas duas facções me deixa completamente fissurado. Como esconder algo de alguém que você confia? Como se preparar para a inevitável traição? Aos poucos, se vê a mudança de Amamiya, deixando de lado todo e qualquer desejo de destruição, substituindo tudo isso por um grande sentimento de amor. E isso é lindo.
Eu poderia me prolongar bem mais falando sobre essa segunda parte, mas não vou ultrapassar a barreira do spoiler. Hoshi no Samidare merece o posto de favorito. Coloquei nessa categoria pois me impactou demais como releitura. Além de toda odisseia da demora, eu chorei demais no final dessa segunda passagem. Na primeira, não cheguei a chorar, me lembro bem disso. É legal ver como muita coisa muda na gente. Agora, 6 anos depois, o fim me tocou bem mais. Tudo bem que eu sou uma manteiga derretida, mas isso é prova o quanto nossas experiências de vida podem modular a forma como consumimos e vemos as coisas. E é um hábito que eu adquiri nesse desafio, reler mangá. Era muito difícil eu pegar e repassar por algo que já fiz, seja filme, livro, o que for. Agora, vejo isso com muito mais importância, e pretendo continuar fazendo muito mais.