Osagiyan
Mesmo sendo agnóstico acabei passando um tempo estudando a religião yourubá, ocasião em que me foi revelado que Osagiyan é meu Orisá.
O interessante sobre esse Orisá é que ele é tão complexo que aprofundar meus estudos sobre ele me fez entender melhor a religião.
Osagiyan é Obatalá. Trata-se de uma divindade, ao meu ver, formidável, pois não encontra paralelo em outros panteões.
O líder do panteão Yorubá é entendido como uma divindade da paz, da pureza, da criatividade vital e artistica, da mente, da tolerância e da serenidade. Inclusive não possui género definido.
Eu me perguntava então, por que meu Orisá é um caminho de Obatalá numa versão extremamente guerreira e bélica?!
Ele porta uma espada, além do pilão, e a tradição oral narrada pelos sacerdotes brasileiros e yorubas revelam suas qualidades guerreiras. É chamado por aqui de Oxaguiã ou Osaguian, que vem de Orisa Ogiyan.
Não vou falar aqui dos contos da tradição oral sobre o Orisá ou sobre o que disse Pierre Verger, um estudioso sobre a religião, apenas mencionarei alguns aspectos interessantes.
Na religião Yourubá os Orisás são assentados (firmados) e tais assentamentos cuidados pelos sacerdotes como um canal de ligação entre o nosso mundo e o plano dos Orisás.
Aos pés desses firmamentos, são oferecidos sacrifícios e demais ritualisticas para trocas de energia.
Orisa Ogiyan, significa o Orixá de Oranmiyan, um dos grandes reis de Ife, na Nigéria, cuja divindade era Obatalá, que por sua vez é pai de Akinjole, que fundou e foi o rei de Ejigbo, em um movimento de expansão do reino Yorubá.
Esse assentamento de Obatalá trazido por Oranmiyan/Akinjole existe até hoje em Ejigbó (Estado de Oxum, na Nigéria) e foi cuidado e moldado de acordo com as características guerreiras daquele reino.
Essa questão dos assentamentos e todas as trocas ritualisticas que os envolvem parece ser, ao meu ver, determinante para o surgimento das diversas qualidades não só de Obatalás, mas de outros Orisás, como os diversos tipos de Oguns, Osuns, Sangos, etc., que existem na religião.
Diferentemente do que alguns alegam, portanto, Osagiyan (Oxaguiã) não seria filho de Olufon (a versão velha de Obatalá), todos esses “caminhos” de Obatalá são Obatalá, firmados em diferentes assentamentos.
Como ter por divindade Obatalá, na sua perspectiva guerreira?!
O Obatalá combativo, digamos assim, no meu entender é uma força de afirmação dos valores da paz, tolerância, pluralidade, generosidade, criatividade e apreço pela vida, em clara contradição ou rebeldia em relação ao que oprime a vida e limita o espírito/mente.
É um esgrimista mental que age na matéria, macerando-a com seu pilão, extraindo seus elementos.
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Escrito por Sirius.