O que é uma API REST? Segunda parte ...
Dando continuidade ao artigo “O que é uma API REST? Explicação Detalhada para Desenvolvedores”, esta segunda parte aprofunda-se em um método HTTP essencial que não foi coberto anteriormente: o PATCH, destacando seu papel na atualização parcial de recursos. Enquanto no artigo inicial exploramos os métodos GET, POST, PUT e DELETE para operações completas de criação, leitura, atualização e exclusão, aqui explicamos como o PATCH permite modificações mais precisas e eficientes, sem a necessidade de substituir o recurso inteiro.
Além disso, como as APIs REST são uma forte implementação do protocolo HTTP, entender os códigos de status retornados pelo servidor é fundamental para um desenvolvimento eficaz e para os consumidores da API interpretarem corretamente o resultado das requisições. Nesta parte, exploraremos os códigos mais comuns e seu significado prático para o ciclo de vida das requisições REST.
Método PATCH: Atualização Parcial de Recursos
O método PATCH é destinado a aplicar modificações parciais a um recurso existente, diferentemente do PUT, que exige o envio da representação completa do recurso para substituí-lo. PATCH permite enviar apenas os campos que precisam ser alterados, tornando as requisições mais leves e eficientes, especialmente úteis em aplicações onde pequenas mudanças são frequentes.
Por exemplo, imagine uma API para gerenciamento de usuários. Se você deseja atualizar apenas o e-mail do usuário com ID 123, uma requisição PATCH adequada seria:
PATCH /api/usuarios/123
Content-Type: application/json
{
"email": "novoemail@exemplo.com"
}
Neste caso, somente o campo “email” será alterado, enquanto os demais dados permanecem inalterados. O servidor pode responder com um código 200 OK acompanhando a representação atualizada do recurso, ou 204 No Content se não devolver corpo na resposta.
Diferença entre PATCH e PUT
| Característica | PUT | PATCH |
|---|---|---|
| Atualização | Substituição completa do recurso | Modificação parcial |
| Envio do recurso | Representação completa | Apenas alterações |
| Idempotência | Sim | Nem sempre, mas pode ser |
| Uso típico | Atualizar todo recurso | Atualizar partes específicas |
Códigos de Status HTTP Usados em APIs REST
Os códigos de status são mensagens padrão do protocolo HTTP que indicam o resultado da requisição, contribuindo para a interpretação e a resposta adequadas na comunicação entre cliente e servidor.
Códigos mais comuns e seus significados:
- 200 OK: Requisição bem-sucedida, geralmente ao recuperar ou modificar recursos.
- 201 Created: Recurso criado com sucesso em resposta a uma requisição POST.
- 204 No Content: Requisição realizada com êxito, sem conteúdo a ser retornado (ex: DELETE, PATCH sem corpo).
- 400 Bad Request: Requisição mal formada ou inválida.
- 401 Unauthorized: Falha na autenticação, sem permissão para acessar o recurso.
- 403 Forbidden: Cliente está autenticado, mas não autorizado a acessar o recurso.
- 404 Not Found: O recurso requisitado não existe.
- 405 Method Not Allowed: Método HTTP não suportado pelo recurso.
- 409 Conflict: Conflito na requisição (ex: duplicação de recurso).
- 500 Internal Server Error: Erro inesperado no servidor.
Exemplo prático com criação de recurso
Ao criar um usuário via POST, o servidor responde:
HTTP/1.1 201 Created
Location: /api/usuarios/123
Content-Type: application/json
{
"id": 123,
"nome": "João",
"email": "joao@example.com"
}
Exemplo prático com atualização parcial (PATCH)
Requisição:
PATCH /api/usuarios/123
Content-Type: application/json
{
"telefone": "999999999"
}
Resposta:
HTTP/1.1 200 OK
Content-Type: application/json
{
"id": 123,
"nome": "João",
"email": "joao@example.com",
"telefone": "999999999"
}
Conclusão
Concluímos esta série de dois artigos sobre API REST, nos quais consolidamos um entendimento sólido sobre os princípios e práticas que tornam uma API RESTful eficiente e alinhada às necessidades modernas de desenvolvimento. No primeiro artigo, exploramos os fundamentos da arquitetura REST, demonstrando como os métodos HTTP convencionais estruturam o ciclo de vida dos recursos em uma API, a importância da comunicação stateless, e o papel da padronização na construção de interfaces interoperáveis e escaláveis. Na sequência, aprofundamos a discussão ao destacar o método PATCH como uma alternativa para atualizações parciais, essencial para operações mais eficientes e flexíveis, além de detalhar a relevância dos códigos de status HTTP para garantir clareza e robustez na comunicação entre cliente e servidor.
Esses conceitos, juntos, formam a base para o design e implementação de APIs REST que atendem tanto às expectativas dos consumidores quanto às demandas de escalabilidade e manutenção do backend. Compreender e aplicar corretamente tais práticas é fundamental para engenheiros de software que desejam construir sistemas interconectados, seguros e responsivos. O aprendizado contínuo e a adoção das melhores práticas REST são essenciais para acompanhar a evolução tecnológica e assegurar soluções de alta qualidade no desenvolvimento web e além. Esta série pretendeu não só informar, mas também inspirar a prática efetiva e consciente na criação de APIs RESTful.
Vicente Eduardo Ribeiro Marçal