Sobre a morte…
Somos instantes (realmente)…
Hoje, na primeira aula de escrita criativa, estava todo feliz por conseguir me matricular e a aula estava indo tão bem, com a professora referenciando várias pessoas autoras que eu já conhecia, a turma também empolgada, tudo ótimo…
Até que, no final, entreguei a ela o livro coletivo, resultado de uma oficina de haicai, de que participei na pandemia e, enquanto ela lia a capa, comentou que o organizador da obra (e mediador do curso) havia falecido.
Nessa hora, só tive como reação colocar a mão no rosto, por uns segundos (e nesse breve intervalo, rever toda a nossa curta, mais intensa interação naquela oficina). Acho que nunca saberei expressar com palavras esse sentimento de vertigem que a gente sente quando ouve uma notícia dessas, a percepção da ausência…
Ele foi uma pessoa com quem tive contato por apenas algumas semanas, mas o nosso grupo se deu tão bem (tanto que publicamos o livro), que parecíamos que já nos conhecíamos há muito tempo. Estávamos todos preocupados naqueles tempos de morte, mas mesmo assim, nos encontrávamos assídua e remotamente para estudar e escrever. Então, assim como a jovem psicanalista do meu conto Sobre “fraquezas”…, não tive como não esconder minha reação.
A professora pediu desculpas, mas também não tinha como ela saber que eu não sabia daquela informação (e isso me acontece com mais frequência do que gostaria). De qualquer forma, tentei e acho que me recompus rápido, acho.
Foi a segunda vez que isso me ocorreu esse ano, a anterior foi antes de eu apresentar uma avaliação final numa disciplina e um antigo coordenador, que nunca me enviava mensagem, enviar uma (por isso achei de ler na hora) avisando da morte de um amigo do curso no qual dávamos aula.
Enfim, a morte sempre é algo triste, mas parece muito pior quando vem assim, sem avisos e injustamente antes do tempo, essas duas pessoas eram tão jovens…
Este texto não é um rascunho, apenas um registro pessoal, por isso não vai para o sitezinho.
Rascunhos de escrita, antes de publicação no sitezinho