A mente é uma caixa cheia de fluidos.

Não sei bem o que quer meu coração. Entender emoções é difícil. Bom, eu não queria falar disso aqui, já que muitos podem vir a me julgar em pensamento ou não entender de fato. Talvez outros se identifiquem... Enfim, criei este espaço para poder escrever meus pensamentos e emoções anônimamente, para descarregar as minhas experiências da existência.

Sou servidor público há seis anos e recentemente mudei de cargo novamente. Bem, fui pra uma escola. Muitos funcionários e pessoas novas, uma me chamou atenção.

Uma professora de algum modo me cativou.

Nunca fui um rapaz sociável, sempre evitei puxar assunto com as pessoas, principalmente mulheres. Não me considero um cara feio, mas nada fora dos padrões também. Acho que minha maior dificuldade foi por conta do espectro autista, atípicidade recentemente descoberta, assim como o TDAH.

Estou passando por um momento em minha vida, digamos, doloroso emocionalmente. Após quase um ano em um cargo comissionado, sendo explorado até os nervos, minha saúde mental se deteriorou muito. A ansiedade atingiu patamares incômodos.

Já sofri com isso antes, há uns cinco anos, mas tive melhoras com a terapia. Mas não é exatamente como antes, as razões são diferentes. Tenho me questionado sobre carreira, estilo de vida, objetivos e sentido da vida e, por último, relacionamento.

Bom, estou em uma união estável. Me envergonho um pouco de admitir isso, mesmo aqui, anonimamente. Estou há onze anos nesse relacionamento e não sei exatamente o que aconteceu, estou confuso. Às vezes quero seguir meu caminho, mas as consequências seriam terríveis. Em outras, quero ficar.

Mas de algum modo aquela mulher mexeu comigo, desligou meu cérebro e ligou meu coração. Ela é inteligente, bonita e parece ter rolado alguma química. Posso estar sendo exagerado aqui, já que apenas conversamos. Mas já faz tempo que não sentia isso.

Como disse, não sou experiente nisso, mas... Ela quis saber da minha vida, ela perguntou sobre meus sonhos e compartilhou os dela, compartilhou suas frustrações e, bem, ela é professora de inglês e usei essa deixa pra me aproximar.

De algum modo, sei que não deveria. Mas, por outro lado, há um ímpeto, algo primitivo... Sei das consequẽncias que isso pode causar... Ela é casada e tem dois filhos. A energia dela é de uma feminilidade diferente, uma pessoa que aparenta ter passado por situações na vida que trouxeram experiência, um certo ar de mistério...

Admito, é estranho escrever isso...

Não sinto mais isso por minha atual companheira. Eu não sei se é a rotina, se são nossas personalidades...

Posso quebrar minha cara completamente e me culpar por isso, mas continuar pra ver no que vai dar é algo tentador. É instigante e difícil, um misto de emoções. De algum modo eu sinto que ela é recíproca, possui uma timidez autêntica, como se tentasse esconder alguma dor e quisesse, de algum modo, externalizar essa dor pra mim.

Fico pensando sobre as relações humanas, sobre as nossas falhas. Penso sobre as coisas que casais devem guardar nos fundos de suas mentes todos os dias, talvez para manter uma imagem, serem aceitos na sociedade ou medo do julgamento.

Sei que isso pode machucar, mas como segurar tamanho impulso? É hipnótico.

Um nerd como eu, envolvido no meu próprio mundo de livros e computadores, com meu relacionamento rotineiro de mais de uma década, sem filhos, frustrado...

Seria isso tudo fruto da minha fragilidade ou é algo mais profundo e inerente à minha condição humana?

Como queria eu ouvir de outras pessoas que não estou sozinho nisso, que outras pessoas também passam por isso e encaram a profundidade do dilema existencial humano...

Não se resume apenas à carne; é química, conexão, desejo de união. Algo até mesmo místico, espiritual...

Sei que sou inconsequente, mas o que seria a vida senão um risco?

Bom, caso queira falar sobre isso comigo ou compartilhar alguma experiência, estou no Mastodon... @desconectado.